Por: Edson Garcia
São Paulo, 24 de maio de 2018 – A Lei Nº 9615/98, conhecida como Lei Pelé, é a base jurídica do esporte brasileiro. É ela que determina, por exemplo, quais as manifestações esportivas existentes. Dentre essas estão: o esporte de rendimento, nível mais alto da prática esportiva e focado na conquista de resultados competitivos; de participação, realizado de modo voluntário para integração social ou promoção da saúde; educacional, praticado junto ao sistema de ensino; e o esporte de formação, caracterizado pelo fomento e aquisição inicial dos conhecimentos/habilidades desportivas.
Além da Lei Pelé, outra que determina boa parte do contexto que vivemos no esporte atualmente é a Lei N° 10.264, conhecida como Lei Agnelo/Piva, que trata sobre o investimento no esporte brasileiro. Por meio dela, 2,7% da arrecadação bruta com loterias federais, descontadas as premiações, são repassados ao Comitê Olímpico do Brasil (62,46%), Comitê Paralímpico Brasileiro (37,04%) e Confederação Brasileira de Clubes (0,5%). Do total arrecadado por cada instituição, 10% devem ser investidos no desporto escolar e 5% no desporto universitário.
Dessa forma, podemos dizer que o esporte educacional é aquele com menor poder de investimento, mesmo sendo aquele que pode trazer maiores benefícios para o país, tanto pensando em formação de atletas, como pensando em educação e saúde da população em médio e longo prazo. E ainda dentro da manifestação educacional, o universitário recebe a menor fatia de investimento.
Apesar disso, o basquete 3×3 vem crescendo no âmbito universitário e isso é algo buscado há muito tempo, pela Associação Nacional de Basquete 3×3 (ANB3x3) inclusive. Fundada em 2007 como Federação Paulista de Basquete de Rua, época que ainda não havia sido formalizado o basquete 3×3 como esporte pela Federação Internacional de Basquete (FIBA), o que ocorreu em 2010, a instituição teve seu estatuto reformulado em 2012 para se tornar a ANB3x3. E um dos seus primeiros eventos foi educacional: a Liga Fast, em 2013.
A Liga Fast foi um torneio realizado pela Lei Paulista de Incentivo ao Esporte da Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, com patrocínio da Nestlé e do Mercado Jovem. Foram 8 etapas classificatórias, sendo 4 na capital e 4 no interior, com final na Praça da Sé. Entre as categorias oferecidas estavam “Colegial” (Ensino Médio) e Universitário Masculino e Feminino. Logo, desde sua criação a ANB3x3 se preocupa com o desenvolvimento do esporte educacional.
Mas a prova de que a modalidade é realidade no esporte universitário vem dos eventos que acontecerão esse ano. Por meio da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), os Jogos Universitários Brasileiros terão o basquete 3×3 na cidade de Palmas-TO entre os dias 24 e 26 de maio, com participação de mais de 100 atletas e 16 instituições de diferentes estados. Conhecidos como JUBs, a competição é a maior da CBDU e também a maior competição universitária da América Latina.
Internacionalmente, teremos no final de junho a segunda edição do Pan-Americano Universitário 3×3, em El Salvador. Na primeira edição o Brasil enviou a equipe do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) no feminino e da Universidade Paulista (UNIP) no masculino, conseguindo a primeira e a terceira colocação respectivamente. A segunda edição do Pan terá a Universidade Sagrado Coração (USC) como representante do Brasil, apenas na categoria masculina, equipe que tem Willian Previdelo entre os atletas, jogador que disputa a Liga ANB3x3 pela equipe Bauru BKT.
O torneio é classificatório para a Liga Universitária Mundial, que ocorrerá na China, no mais alto nível das competições universitárias de 3×3, com realização da Federação Internacional do Esporte Universitário (FISU). A existência dessas competições de nível internacional e nacional exige também a realização de competições estaduais e regionais, interligando todo o ciclo para levar equipes cada vez melhores e mais bem preparadas para representar o Brasil no âmbito universitário e, posteriormente, fora dele.
Os EUA são a prova de que ligar o esporte educacional ao profissional traz sucesso esportivo, principalmente por fazer com que haja uma ampla base de praticantes. No caso de uma modalidade nova como o basquete 3×3, é viável fazer com que isso também vire uma cultura no Brasil. O campeão da categoria “Universitário Masculino” da Liga Fast, em 2013, foi o Brotherhood SP, que há um bom tempo atua na categoria Elite dos torneios da ANB3x3, participando inclusive da Liga ANB3x3. Assim, acompanhar os resultados das próximas competições universitárias da modalidade é sim uma maneira de conhecer as futuras estrelas do #3x3Brasil que poderão atuar no World Tour.